Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

MONDRIAN E A SÍNTESE ARTÍSTICA  (B)

Por DA NIRHAM EROS
(heterônimo de ANTONIO MIRANDA)

  1. Arte abstrai o mundo e ajuda a viver:
    Antes de se pensar em compreender a síntese artística de Mondrian, há-que compreender a obra e as teorias que a fundamentaram. Não como admiradores submissos, mas como intérpretes imparciais.

    Mondrian nos disse que “as linhas verticais e horizontais são a expressão do duas forças em oposição”, que elas existiam em toda parte e que esta ação recíproca constituía a vida.
    Para ele o espaço era tudo e a realidade era forma e espaço, e a arte, para criar a unidade teria que seguir a natureza, “não em seu aspecto, senão no que a natureza é realmente”: unidade; a forma é o espaço limitado, concreto apenas, através de sua determinação. A arte tem que determinar o espaço assim como a forma e criar a equivalência destes dois fatores.”
    Convenhamos, antes de tudo, que, para ele, as linhas não tinham a mesma função que nos concretistas, esteS recorrendo a ela como veículo. Para ele estas linhas eram tudo. Confessa: Excluí cada vez mais minhas pinturas curvas, até que finalmente minhas composições consistiram unicamente em linhas horizontais e verticais, que formavam cruzes, cada uma separada e destacada das outras. Observando o mar, o céu e as estrelas, busquei definir a função plástica através de uma multiplicidade de verticais e horizontais que as cruzavam (vida clichê1 ).

    Esta confissão de Mallarmé, sem dúvida, faz “corar” os mais inflamados antifigurativistas. Mondrian não olvidava o mundo em que vivia, tão somente o abstraía a seus resultados últimos, onde o mundo se afigurava equilibrado e uno, livre de suas oscilações quotidianas, mas ainda mundo, ainda VIDA, como ele sempre disse: “neoplástica procura expressar o variável e o invariável simultaneamente e em equivalência. É precisamente isto que deve ter meios universais. Sua busca não leva ao absolutamente estável, que não pode ser expressado plasticamente, e que é o oposto ao estável natural.”

    E para ele a arte ensinaria a viver: “A classificação do equilíbrio através da arte plástica é de grande importância para a humanidade.” “A realidade só nos parece trágica por causa do desequilíbrio e confusão da sua aparência. O que nos faz sofrer é a nossa visão subjetiva e nossa posição determinada. Apesar de que as manifestações e sentimentos trágicos existam somente no tempo, para nós, seres humanos, o tempo é a realidade. Nossa visão e experiência subjetivas nos impedem de ser felizes. Mas podemos escapar da expressão trágica ajudados por uma visão da verdadeira realidade, que existe, mas está coberta. Se bem não podemos liberar-nos, podemos liberar nossa visão.”

    Ele, contudo, estabelece uma diferença entre o neoplasticismo e arte figurativa.: “Na arte plástica, a ação recíproca de determinadas formas e espaços fixa a expressão objetiva da realidade. Esta ação constitui o movimento dinâmico que expressa a vida intrínseca. A representação objetiva evoca uma emoção universal, indescritível e portanto constante.”
    Assim considerou formas limitadoras as formas descritivas que encontramos nos naturalistas, apelando para a linha reta que, em oposição, era também, a linha curva, ainda que em sua máxima tensão. Chamou a atenção para a impropriedade do termo “arte não figurativa”, porque “as formas abstratas são figuras tanto quanto as formas naturalistas”, concluindo serem “todas as denominações relativas”.

  2. Mondrian e a criação do mundo:
    “Dentro dos limites do meio plástico, o homem pode criar uma realidade.” Esta frase corresponde ao ideal dos artistas mais autênticos do Oriente e do Ocidente: criar um mundo, através da arte que, ao invés de constituir um contraste absoluto com a natureza, seja capaz de contribuir para uma aproximação gradativa do homem com o universo, através de condições para sua aclimatação gradativa do homem com o universo, através de condições para a sua aclimatação. Não seria, esta arte, uma oposição ao meio-ambiente, mas uma “liberação”, com a qual melhor poderíamos compreender o meio-ambiente e corrigir-lhe as debilidades. Prova que o homem, por sua racionalidade e dinâmica criadoras, não pode viver no mundo tal como ele se apresenta mas, daí não parte para a total repulsa; o ideal é contribuir para uma aproximação sempre maior da natureza do mundo, com a natureza do homem e que somente a Arte com seus meios de ação, pode contribuir.  Hoje a Ciência, a Indústria, o Comércio, etc, estão à serviço do homem, são produtos de sua necessidade de subsistência, mas uma associação maior com a natureza, que a humanizaria está em andamento e somente a Arte é capaz de proporcionar.
    O desenvolvimento da Ciência, por exemplo, é tão assustador aos nossos olhos que, em confronto com os progressos sociais chega a ser um abismo. Enquanto o homem já conseguiu um projétil à lua, e já debate a “internacionalização” do espaço cósmico, ainda não sabemos romper com a inibição, dos abruptos temperamentos, a total disciplina  do trabalho e da produção planificada e, o câncer, o desajustamento e tudo o mais que afligem nossas consciências. A revolução no século 20 foi tão grande que ainda não permitiu um amadurecimento. A revolução socialista, a destruição de tabús morais com o existencialismo, o materialismo, o comunismo, a psicanálise e a cibernética, duas guerras mundiais e a iminência de uma terceira, e outros fatores chamaram os artistas a uma reflexão: alguns procuram conservar, outros se entregam a uma aventura  sem qualquer compromisso, enquanto a transição vai oferecendo já alguns frutos maduros.
    Mondrian, trabalhando desde o início da crise, parece ter enxergado além dela

 

O texto final desapareceu de minha coleção, incompleto, de documentos escritos na minha juventude. Este deve ser do final dos anos 50 do século passado, quando eu teria uns 25 anos de idade. Mas publico-o aqui, com as reservas possíveis. (Antonio Miranda, 2024)


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar